Skip to main content
por Jamille Callegari
      Atualmente o setor mineral foca seus investimentos e preocupação em inovação para novos padrões de segurança e respeito às boas práticas socioambientais, princípios que permeiam a estratégia de negócios e a sobrevivência das mineradoras no Brasil e no mundo. Essa é a principal mensagem do Congresso Brasileiro de Mineração, na Exposibram 2019, em Belo Horizonte, Minas Gerais. Palestras e debates sobre o contexto político e socioeconômico global, que afetam diretamente as perspectivas para as próximas décadas anunciadas pelas mineradoras marcaram o Congresso. Nova política de segurança de barragens, novos projetos sócio ambientais, produção de titânio e urânio, tecnologias, investimentos e oportunidades para a indústria mineral brasileira foram assuntos abordados.
      A preocupação em investir na adoção de processos socioambientais, certamente um dos temas mais fortes do Congresso, foi discutida entre executivos e consultores de renome mundial, dentre eles, o diretor-presidente da Agência Nacional de Mineração (ANM), Victor Hugo Froner Bicca. A busca pelo “estado da arte” sobre as práticas em gestão de barragens e rejeitos, fez com que o IBRAM (Instituto Brasileiro de Mineração) assinasse um Acordo de Cooperação Técnica com a Associação dos Municípios de Minas Gerais e do Brasil (Amig) e um acordo de cooperação com a Associação de Mineração do Canadá (MAC). O IBRAM trabalha para a implantação das melhores práticas e padrões de sustentabilidade, que venham a traçar o sucesso e o futuro do setor no país. Na prática, o Instituto defende a revisão total da gestão e manejo de rejeitos no setor com objetivo de promover a transformação da indústria da mineração, visando a garantia de processos produtivos mais seguros e sustentáveis.
      Como resultado, a reinvenção da mineração no Brasil visa uma indústria mais transparente, próxima das comunidades e segura para as pessoas e o meio ambiente. A nova política pretende estabelecer metas e compromissos mensuráveis e alcançáveis, expostos na ‘Carta de Compromisso do Instituto Brasileiro de Mineração perante a Sociedade’ à qual as mineradoras poderão aderir voluntariamente. A carta trata da articulação entre empresas, entidades, academia e governos federal, estaduais e municipais. Um grande avanço!
      O International Council on Mining and Metals (Conselho Internacional de Mineração e Metais, ICMM, UK), que representa cerca de um terço da indústria de mineração, também está atento e preocupado com as questões socioambientais. Tom Butler, Presidente do Conselho, disse que os padrões, que estão sendo elaborados por oito especialistas mundiais, certamente influenciarão o setor de forma bastante ampla. O projeto, que define os padrões em rejeitos, saúde, riscos e direitos, deve ser concluído entre o final de setembro e o início de outubro de 2019, continua Butler. Nas discussões sobre o tema “Mineração com Princípios”, Butler expôs a agenda estrangeira do setor e citou os desafios dos próximos anos e as pautas sociais da atualidade, que abrangem identidade de gênero, cadeia produtiva, transparência, dentre outros temas, os quais precisam estar inseridos nos anseios da mineração. Butler também deixou claro que “o desenvolvimento sustentável e a preservação do meio ambiente são conceitos imprescindíveis para o futuro do setor”.
      “Atenta a essas questões socioambientais, a 4Asset tem trabalhado continuamente para oferecer soluções conectadas às novas práticas na governança de projetos em áreas complexas, como são os empreendimentos de mineração, atendendo à emergente e necessária melhoria e revisão de processos de gestão e controle. Nossas tecnologias contribuem de forma eficiente para a gestão e monitoramento das operações das mineradoras e seu entorno. Todas as informações circulam em tempo real por fluxos automatizados atendendo às demandas socioambientais, fundiárias e de cunho patrimonial, gerando ganho de produtividade, eficiência, segurança, economia e redução de riscos”, diz Marcelo Tavarone, Diretor Comercial da 4Asset.
O futuro do mercado de commodities minerais
      Durante o segundo dia da Exposibram, o auditório Diamante abrigou a sessão plenária “O futuro do mercado de commodities minerais e as principais tendências atuais para a mineração”, em que Bárbara L. Mattos, vice-presidente Sênior da Moody’s Latin America, dividiu palco com Paul Fraser Robinson, diretor do CRU Group, UK, e Roger Emslie, diretor de Metais & Consultoria de Mineração na Wood Mackenzie.
      Apesar da estimativa de redução do crescimento anual da China, estimada em 6% para 2020, todos acreditam que haverá recuperação do valor das commodities, pois apesar de menor, a demanda por minérios, nos próximos anos, continuará em crescimento. Para que isso se concretize a disciplina no fornecimento de minério é fundamental e requer a retomada dos investimentos em pesquisa, desenvolvimento e exploração de novas minas. Para Roger Emslie, Executivo do Wood Mackenzie, até 2028 a demanda por minérios aumentará e o setor terá escassez para entrega. Como exemplo, tendo em vista a tendência mundial de eletrificação nos automóveis até 2040, haverá grande demanda por lítio, cobalto, níquel e grafite, materiais que alimentam baterias e outros componentes automotivos. “Até 2040, 50% de todos os veículos vendidos contarão com uma bateria para movimentá-lo, o que significa 40 milhões de veículos de passeio”, afirmou Emslie. Para atender o mercado, ele calcula que um investimento em torno de U$ 300 bi deverá ser feito.
      Paul Fraser Robinson, diretor do CRU Group, UK, foi pelo mesmo caminho e explicou que o ambiente oscilante proveniente das manobras de alguns países e a atual tensão entre oferta e demanda — eixo da precificação dos commodities — poderá resultar em um período de recessão para a mineração. Entretanto, flertou com o otimismo ao citar as características de estabilidade de outros minerais, como alumínio e cobre, que variaram pouco durante os anos. Segundo Robinson, “a aproximação de uma recessão levaria as commodities, previamente, a patamares menores do que os do ano passado, mas ainda teríamos um posicionamento positivo da indústria em relação há quatro ou cinco anos”. Outros assuntos abordados por Robinson, foram o meio ambiente como norteador das atividades de mineração, as diretrizes a serem seguidas a fim de reduzir ainda mais a hipótese de uma crise, a manutenção da disciplina do setor e a retomada dos investimentos em metais premium e metais verdes.
Minas como polo de produção de “minérios do futuro”
      Minas Gerais já é reconhecido como um player importante no cenário global de “materiais portadores do futuro”, os chamados novos minerais, incluindo o grupo de 17 elementos que compõem as terras-raras (lítio, grafita, nióbio, gálio, índio e titânio). Entre eles, destaca-se o titânio, ainda não explorado, mas com grande potencial de mercado. Segundo Renato de Souza Costa, diretor de Mineração, Energia e Infraestrutura da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig), já estão sendo desenvolvidos pela companhia projetos para transformar essa riqueza mineral em área de negócio. De acordo com Costa, Minas Gerais tem um papel relevante para garantir a produção de energia e a fabricação de veículos elétricos.
      Segundo Costa, o Estado tem o maior recurso de titânio contido em um mineral que não é industrializado até o momento, chamado anastásio, e que pode ser encontrado nos municípios de Serra do Salitre (Alto Paranaíba) e Tapira (Alto Paranaíba) e na região do Triângulo Mineiro. No entanto, será preciso superar um grande gargalo, que é a tecnologia. E por isso a Codemig está cumprindo a primeira etapa de um processo de desenvolvimento tecnológico para tratar o anastásio. “Estamos trabalhando no Centro de Desenvolvimento de Tecnologia Mineral, ligado à UFMG, que começou em 1º de julho e tem um prazo de 15 meses para a gente entender se consegue gerar tecnologia competitiva para produzir titânio desse mineral.”. O projeto é fruto de uma parceria da Codemge com a Mosaic, empresa norte-americana que comprou a Vale Fertilizantes. Segundo Costa, Minas está criando um ambiente favorável para atrair investimentos no segmento de materiais portadores do futuro.
Novas demandas por minerais “terras-raras”
      Os modelos de fomento aos negócios de mineração da Austrália e Canadá podem ajudar no desenvolvimento do setor mineral brasileiro. O projeto “Terras raras” é abordado como um elemento importante para a demanda futura de carros elétricos, equipamentos de maneira geral, utensílios domésticos, produção de energia elétrica e energia eólica.
O mercado de novos minerais está sendo impulsionado pela pressão do contingente humano e por questões ambientais, que exigem novas formas de geração e armazenamento de energia, além da redução de gases responsáveis pelo efeito estufa. Os veículos elétricos já são uma tendência em países como China, Coreia do Sul, Japão e Alemanha.
       “Há uma parceria da Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM) com a Toshiba e trabalhos estão sendo desenvolvidos para colocação do nióbio no mercado de baterias. Este será o tipo de bateria mais importante, em termos tempo e intensidade de carga”, explica Costa.
      Quanto às terras-raras, nicho dominado pela China que detém cerca de 90% do mercado global, Costa vê grande possibilidade de inserção, a depender de investimentos em pesquisa e desenvolvimento.
Desenvolvimento de Negócios e Comunicação 4Asset: Jamille Callegari